domingo, 27 de junho de 2010

Ideias

Já vi que meu mais novo hábito é deixar escritos inacabados. Muitos podem ser os motivos, a bateria fraca do computador, a pressa para sair, a necessidade de concentração no que interrompi por uma ideia a por na tela branca do bloco de notas. Mas justificativa pra isso não tenho.

Eu costumava terminar meus textos, sem voltar a mexer. Isso quando se trata de texto puramente emocional, pessoal, de diário de menina, geralmente em versos não rimados. Em matérias, como é óbvio, ainda mais quando se ainda cavalga rumo as letras melhor editadas, precisava ler, reler, reler, reler, reescrever e ainda assim saía algo imperfeito.

Nos meus textos pessoais o que sempre mais gostei foi essa imperfeição. Terminar como se um novo final, que não foi inserido, coubesse também. Como se alguém que lê-se pudesse pensar que aquele não era o melhor fim, e arriscasse outras soluções em sua cabeça.

Tudo terminava sem fim. O que é completamente diferente de deixar um texto em aberto. As sensações e o momento determinam o que vai sair, o que vai ser codificado. O eu que escreve agora será outro um outro dia, e já terá mudado o sentido. Não que assim não seja melhor. Ás vezes parar e abandonar o que se faz em troca de um pouco de sol, diversão e sorvete garantem o gás pra enriquecer um texto.

Mas ainda assim não é o que acontece. É a vontade de escrever que surge e urge por um momento, nem sempre exato, em que se quer tanto expressar uma ideia, a ideia quer tanto tomar um rumo, que brota. Pede por papel ou outro meio de propagação. O que a impede é que meu tempo está destinado a outras coisas, que mesmo menores, são o que me ocupam, o que repelem que elas desenvolvam-se.

Repelem no sentido de afastar, não de repugnar. A ideia fica. É registro. Um bom registro. Geralmente há tempo para um parágrafo. Como um exercício de dinâmica de gupo, em que a primeira parte do texto está lá e cada um contribui com um pedaço.

A diferença é que a dinâmica é individual, intransferível, e por puro prazer. É a dinâmica de tornar a dar a atenção que a ideia necessita, e se o meu eu de amanhã puder contribuir com mais dois parágrafos, tudo bem, um outro dia outro eu muda o rumo e escreve o que lhe convém, até que chegue o eu do arremate. E será este que vai repelir a ideia.

Repelir não no sentido de repugnar. Nem no sentido de afastar. No sentido de mandar ela embora.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Viagem ao século passado

Nesta semana dei início a uma empreitada que já deveria estar para terminar, uma pesquisa em jornais de 1980 a 1985 sobre uma Fundação de Arte que ainda NÃO existia. Pois é, ter professor louco e mais do que isso, escolher disciplina louca dá nisso.

Ontem conheci a Bibliteca Municipal do Porto, onde funcionava o Convento de Santa Clara no século XVII. O prédio é a coisa mais linda! Mas não são permitidas fotografias, nem do prédio, nem dos jornais, nem dos livros...para a minha pesquisa precisava copiar todas as páginas que falassem sobre o clima "precisamos de um museu de arte moderna no Porto". No way, honey.

Logo no início já fui informada: Quer tirar cópia? Somos nós que tiramos. Você preenche um termo de responsabilidade e um formulário e a cópia fica pronta em 20 dias. Pode pedir urgencia também. A cópia fica pronta em dois dias, por dez euros cinco páginas. Legal, hein??

E a solução? Bem, nem preciso dizer que estudante intercambista não tem grana pra gastar com esse tipo de coisas, então vou digitar os textos na íntegra. Ai meus dedinhos. Hehe

Bom, ta certo que a biblioteca funciona num edifício antigo, mas não precisava funcionar sem ser informatizada também né?! Assisti um documentário de 1956, Toute la memoire du monde, sobre a Bibliteca Nacional de Paris. Adivinha só: pura semelhança com essa que visitei...